sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

When iI find you in my dreams...

Ao abrir os olhos,percebeu que não reconhecia o lugar.
Era mágico.
O canto dos pássaros ecoava em seus ouvidos,e o cheiro de flor era predominante em todo canto do lugar.O sol aquecia,o vento lhe tocava os cabelos,e tudo que podia sentir era a paz que tudo aquilo transmitia.
O viu.
Seu coração palpitou irregularmente como sempre acontecia ao vê-lo.
Nada precisava ser dito.
Correu em sua direção,jogando-se em seus braços sem pensar em mais nada.Queria apenas dizer o quanto se importava,o quanto ele lhe era necessário,e o quanto sentia sua falta;não disse.Em determinadas situações,as palavras se tornam completamente desnecessárias.
Andaram de mãos dadas por um longo jardim,e enquanto o vento tocava seus cabelos ele a admirava com olhos de uma ternura incomum,enquanto colocava uma flor rosa de pétalas peroladas por entre os fios de seu cabelo loiro,a arrumando da maneira mais graciosa.
A medida que andavam,o local,a paisagem,e os elementos que a compunham mudavam.Passaram por uma praia de água azul cristalina para onde haviam viajado,pelo parque onde corriam juntos todas as manhãs,pelo barzinho que sempre frequentavam juntos,pelo lugar onde foi pedida em casamento;pela igreja onde se casaram,pela portão do colégio onde paravam sempre juntos,esperando seus filhos depois da aula;pela casa na praia que haviam comprado,pelo apartamento que haviam também conseguido juntos.Passaram pelo inverno,primavera,verão e outono.Passaram pelo banquinho da praça onde sentavam juntos de mãos dadas,aquelas mãos cheias de marcas causadas pelo tempo,depois de anos de vida,JUNTOS.Então voltaram ao local de início,sem ter dito uma palavra sequer.
Ela olhou bem fundo em seus olhos,e mesmo que tudo ao seu redor desaparecesse cada vez que o fazia e ela perdesse o controle de suas ações,ainda assim conseguiu mexer os lábios para pronunciar algumas palavras.Porém,seus dedos tocaram de leve sua boca,pedindo silêncio.
Ela o fez.
Tocou-lhe a face,e em seguida passou as mãos por seus olhos,como num pedido para que os fechasse.
Ela também o fez.
Tocou-lhe os cabelos como sempre gostava de fazer,e com seus dedos percorreu-lhe todo o contorno de sua face,descendo numa linha irregular até chegar ao coração.Parou alí.
Sentiu a sua pulsação irregular,o que lhe resultou num sorriso.
Aproximou-se até estar bem próximo,o bastante para poder dizer bem baixinho em seu ouvido:
- Eu estarei sempre com você,em qualquer lugar.Eu te amo.

[...]


Abriu os olhos.
Reconheceu o lugar.
Seu quarto parecia minimamente pequeno agora,este que sempre foi seu lugar preferido.
Era sufocante,perturbador.
Sentiu uma leve brisa tocando seu rosto,e sentiu o perfume.
Era mágico,era único,era o dele.
Olhou para o lado.
A persiana permaneceu aberta a noite toda,e já era de manhã.
Abriu a janela,nada encontrou;então era mesmo real.Preferia que não fosse,assim como o sonho que teve,assim como todos os planos que havia feito.A praia,o barzinho,a igreja,a escola dos filhos.Tudo exatamente e milimetricamente igual,e tão impossivelmente distante agora.
Ouviu a campainha.
Nem ao menos se importou com a roupa que estava vestindo.
Ao atender a porta,não havia ninguém do outro lado.Pisou em seu tapete de boas-vindas do lado de fora,e procurou.Nada.
Fechou os olhos e abaixou a cabeça,e logo em seguida ouviu o barulho de algo muito leve pousando sobre o chão.Quando os abriu novamente,lá estava:a flor rosa de pétalas peroladas.

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