segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Butterflies...

Saiu de casa com o sorriso de sempre estampado na face,mascarando então algo que a consumia por dentro conforme as horas passavam;ela não sabia nomear,mas sabia que sentia.
Sentou-se no banco do meio de transporte público que tomou para ir até o lugar em que pretendia,ao lado de uma janela totalmente aberta : queria sentir o vento,o ar,a sensação de liberdade.Começou a pensar em diferentes coisas,porém todas interligadas. O dia da semana em que estava,o dia do mês,o que teria que fazer naquele dia,e o que lhe esperava mais tarde.A sensação então retornou.Borboletas invadiram seu estômago pela milésima vez naquele dia,e ela nem ao menos entendia o porque - e nem procura entender,ela que sempre queria saber o motivo de tudo.
Distraída,olhando atrás da janela,admirava o nada como se estivesse captando cada detalhe de cada ambiente que passava;então,foi surpreendida: Uma borboleta de asas coloridas numa mistura de amarelo e verde,com um tom azulado,pousou em seu braço que estava apoiado sobre a janela;ela não a espantou,não a tirou dalí,não reagiu de nenhuma forma abrupta para não assustá-la.E alí ela permaneceu.
Nunca havia agido de tal maneira,apesar de sempre admirar as borboletas.
Não as tocava,nem se deixava ser tocada por elas.
E então ela deixou.
Ao descer no local de destino,caminhou calmamente até uma papelaria.
Entrando,começou a olhar os produtos e a folhear alguns cadernos.
Em um deles,viu um desenho de uma borboleta idêntica a que havia estado em seu braço.Se não fosse um desenho,poderia dizer que era alí,novamente.Fechou o caderno rapidamente,e então foi até o balcão pedir para ser atendida;fazendo o que era necessário,se dirigiu ao outro local.
A fila parecia imensa,mas ela persistiu;ao chegar ao caixa,reparou de imediato no enfeite de cabelo da moça do outro lado : era novamente uma borboleta.
Surpresa,terminou de pagar e então saiu rapidamente do local.
Caminhando de volta para casa,começou a pensar no que isso queria dizer;como estava acontecendo há um tempo,não entendeu.Havia tempo procurava explicações para tantas coisas,mas nunca obtinha resposta alguma,talvez por de fato ser ilógico,ou por não ter uma explicação plausível,aceitável,ou racional.
Ao chegar,abriu todas as janelas de seu apartamento,e sentou-se na varando,sentindo a brisa tocar-lhe a face,as mãos,as pernas,e sentiu algo pousar em seu ombro.Tão leve,tão frágil,tão marcante.
Era novamente uma borboleta,talvez a mesma.
Pegou-a em seus dedos miúdos,e olhando para ela,começou a refletir.
Chegou à uma conclusão aparentemente óbvia,mas que ela se recusava a ver todos os dias,ao acordar :
''A partir do momento que se autoriza a entrada de algo novo na sua vida,seja uma experiência,um local,uma rotina,um alguém,e estes marcarem e tiverem algum significado,mesmo que aparentemente pequeno,será carregado para sempre contigo.
Porém,quando se faz algo que nunca fez,imagina algo que nunca imaginou,e se deixa ser/sentir algo que antes não lhe fora permitido - por sí mesmo - é ingenuidade acreditar que isso irá embora no próximo nascer do sol,ou na próxima chuva,sendo arrastado pelo correnteza de coisas novas que de fato irão surgir mais à frente.Por mais que se corra,fuja,por medo ou instinto,ou sem explicações simplesmente,certas coisas sempre estarão conosco,em qualquer lugar,a qualquer hora,e a qualquer momento,inclusive quando pensarmos que elas não existem mais.
Existem,estão alí,e sempre vão estar.''

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