quarta-feira, 31 de março de 2010

Veja o filme,ouça a música,relembre os fatos,não quebre o contrato.

Não é amor,não é nada disso.Passa longe de sentimentalismo e afins.E toda essa infinita distância entre a falta de racionalidade e minha razão socando minha caixa craniana querendo se libertar à todo momento para me afastar ainda mais disso tudo,é que me faz querer você por perto mesmo quando algo me diz que eu não devo querer agora.Eu quero sempre,e eu sempre quis.E eu já te disse tanto que agora me calo e deixo você ver e ouvir o que eu não digo,fazendo exatamente o que eu queria que fizesse,e sentindo exatamente o que lutamos todos os dias para não sentir.Perdendo o fôlego ao cruzar meu olhar com o seu.Se perdendo e não querendo achar o caminho de novo quando me têm por perto,bem perto,o suficiente para cruzar os braços na minha cintura e dizer que não me largará nunca.E eu me solto de toda a minha vontade infinita de viver andando em frente e descobrindo tudo novo que por ventura (e obviamente) cruzaria o meu caminho,e volto correndo,andando para trás,só porque não evoluir é sinônimo de cruzar com você de novo.E cruzar as nossas linhas de novo.E ver desenhos e cores por todos os cantos de todos os lugares que eu passo sozinha,e fazer as pazes com todo o colorido dos meus dias que você está presente.
É loucura,é absurdo,mas é o sentimento de vida,e o de não somente existência que me fazem atender o telefone,responder a mensagem,ceder à insistência e abrir mão dos meus escrúpulos só para não te deixar ir embora.Te mandar ir embora.E lutar contra tudo isso para não querer ir junto com você,e suas frases tolas,suas piadas sem graça,sua voz tão péssima para o canto,e tudo o mais de errado e ruim que você possui,mas que deixa todo o errado com uma cara de certo.
Isso não dura muito tempo,mas o suficiente para me fazer te incluir nas minhas linhas escritas com um sorriso no rosto,uma cara de boba,e uma vontade louca de respirar fundo na sua nuca e sentir o perfume inebriante que só ela possui.Eu que achava que querer algo assim,sem jeito,explicação ou sentido fosse totalmente idiota,estou feliz aderindo à idiotice,mesmo que eu queira tudo isso somente por hora.
Meu escudo protetor impenetrável perde a eficácia quando tenho você por perto,e eu desisto de colocá-lo à postos de novo só para não correr para muito longe.E então permaneço muito perto,usando e abusando dessa nossa novela sem final que há tempos eu vejo passar e não consigo encontrar em mim vontade o suficiente para mudar de canal.
E nós assistiremos ao mesmo filme repetidas vezes,e sempre saberemos o final,e isso nunca será uma desculpa relevante o suficiente para que você deixe de querer encostar a cabeça no meu travesseiro e dormir tranquilo,e eu nunca vou deixar de querer olhar você dormindo e implorar para que esse momento não acabe nunca.E ver ele acabar,e continuar seguindo e esperando contente até os meus planos,meus sonhos,que tomamos cuidado para que não sejam sonhados juntos.
Continuarei tomando o mesmo chocolate quente na mesma esquininha de sempre,ouvindo suas histórias malucas e dando risada das nossas infantilidades.Direi todos os dias antes de dormir para os meus ouvidos teimosos pararem de querer ouvir o seu boa noite,e avisar para meu coração permanecer alí quietinho.E quero fazer tudo isso sem a indecisão entre o certo e o bater na sua porta no meio da noite e te dizer que esqueceu algo em casa,e quando você perguntar o que,dizer que esqueceu de mim.E que eu pertenço à você.E que nós somos exatamente um o que o outro precisa.
Então esquecerei isso depois,lembrando sempre que no nosso contrato não estão incluso finais de semanas inteiros,mãos dadas e abraços inesperados,e romantismo à flor da pele,mesmo que isso escape,e sua mão meio tímida encontre a minha na sala do cinema,e sua saudade te obrigue a me abraçar como se nada mais fizesse sentido no mundo sem aquilo,e você diga o quanto eu sou linda e o quanto me quer pra sempre quando o nosso 'de vez em quando' resolver aparecer.
Lembro-me todos os dias daqueles que me ligam,me mandam flores,me fazem elogios e querem algo tão concreto que me fazem ignorá-los e buscar toda a falta de explicação em tudo isso que a gente vive.E ignoro as ligações,as flores,os elogios,e todos aqueles,que se tornam tão somente aqueles outros quando não são você.
E eu posso conviver com isso,e com toda essa brincadeira de viver a vida intensamente,e com toda a intensidade da sua mão tocando a minha nuca que me faz perder muito mais do que somente um segundo de ar.E com seu cabelo bagunçado que eu continuo achando o máximo mesmo depois de tanto tempo.E com o seu jeito meio bobo de dizer que sentiu minha falta,me ligou sem motivos,me procurou sem motivos,e desejava ter todos os motivos do mundo para cruzar comigo à todo instante da sua vida,que se torna tão monótona quando não é tomada pela minha neurose compulsiva pelo meu cabelo arrumado,maquiagem no lugar,roupa combinando,e tudo isso para parecer suficientemente bonita para que você nunca se canse de dizer abobada e subentendidamente tudo que eu sempre ouço,e sempre vivo,e sempre quero.E vou continuar querendo e deixando ser só daqui para fora,porque é isso que diz o contrato.E deixarei também sua mão insistente procurar a minha quando andarmos pelo shopping,e sua boca teimosa vir de encontro a minha quando eu lutar para me libertar de tudo aquilo que eu quero que me prenda para sempre,e a sua existência tão perturbadora entrar porta adentro da minha vida e bagunçar tudo e acabar com a minha compulsividade por organização.E coisas corretas.E com a certeza de tudo que eu vivo e a previsão de todos os resultados.E te deixarei me fazer querer viver tudo isso só mais uma vez.E mais duas.E até quando a minha irracionalidade vontade de viver deixar.

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